Por que escrevo (e por que cuido): um manifesto inaugural (cópia)

Sempre achei o cérebro humano fascinante. Tanto que escrevi 'Turbine Seu Cérebro' em 2015, e lancei uma segunda edição em 2020, já na faculdade de Medicina, focada em nootrópicos — substâncias que (supostamente, às vezes) melhoram as funções intelectuais.

Depois de uma década escrevendo sobre o cérebro, percebo que as perguntas se multiplicaram. Não é mais só 'como melhorar as funções cerebrais', mas 'qual nossa relação com as substâncias ao nosso redor?'. Não apenas sobre moléculas e receptores, mas sobre quem somos quando decidimos tomá-las, quem esperamos nos tornar depois.

Com quase a mesma unanimidade de "recomendado por 99.9% dos dentistas", eu cravaria que somos uma humanidade perpetuamente 'sob efeito' de algo. Desde o café que desperta até o chá que acalma, do antidepressivo que estabiliza ao sonífero que desliga. Essas substâncias mudam estados mentais — e nossas vidas se reorganizam ao redor disso.

Como médico, vejo essas moléculas em ação todos os dias. Como escritor, me fascina como elas se entrelaçam com nossas histórias pessoais. Este espaço nasce para explorar essa química cotidiana — com curiosidade, rigor e algumas perguntas incômodas.

Quem sou eu (hoje)

Sou o Dr. Matheus Pereira Machado (CRM 1321080-RJ). Clínico. Trabalho no interior do Rio e circulo pelo estado. Depois de uma ruptura profissional importante, reestruturei minha prática para ficar mais coerente com o que acredito: presença genuína, competência com compaixão, fazer as pessoas se sentirem verdadeiramente ouvidas.

Gosto de traduzir estudos em linguagem viva. De ouvir histórias e transformá-las em hipóteses. De usar tecnologia para ser mais presente com pacientes, não menos. Não sou seu médico cegamente protocolar. Acredito que cada pessoa merece cuidado moldado à sua história e particularidades.

Também sou um ávido escritor. Escrevo muito - porque pensar me organiza, publicar me responsabiliza, e partilhar, embora exija coragem, pode ensinar ou cuidar de alguém que talvez nunca conheça. Palavras bem escolhidas são instrumentos de cura e de descoberta.

O que você vai encontrar aqui

  • Crônicas do consultório: casos que me intrigam, histórias que me ensinam. Raciocínio clínico destrinchado e acontecendo ao vivo (metacognição) e através de pessoas reais. Pacientes são sempre mais complexos que protocolos e podem contar page-turners incríveis.

  • Mente, moléculas e paradoxos: como psicotrópicos nos refazem silenciosamente, como café da manhã açucarado sabota memória em 4 dias, por que exercício vale mais que nootrópicos e produz mais BDNF que suplementos caros. Ciência sem jargão, complexidade sem complicação..

  • Bastidores éticos: dilemas reais, escolhas difíceis, reflexões sobre cuidar numa era de algoritmos e protocolos. O que não aparece nos prontuários.

  • Investigações psicofarmacológicas: psicofarmacologia desvendada e em linguagem clara. O que a evidência diz, o que ela esconde, e o que isso significa para sua vida.

Hoje o post é sobre mim. Nos próximos, entro em temas aplicados.

O que este site não é

Não é uma farmácia de promessas, nem um catálogo de “pílulas para tudo”. Não substitui consulta. Não demoniza medicamentos, nem os romantiza. Aqui não há atalhos mágicos.

Minha forma de trabalhar

1) Ouvir de verdade. Ser presença. Consulta é olho no olho, não na tela. É oferecer lenço ao paciente que chora. É fazer boas perguntas, com tato, para colher boa história. Porque história clínica é dado. Sem ela, a estatística não encontra o indivíduo.
2) Examinar. Mãos, olhos, tempo. Mesmo na era de exames cada vez mais sofisticados, semiologia ainda salva consulta.
3) Explicar. Quando você entende, adere melhor — e decide junto.
4) Construir plano factível. O melhor tratamento é o que você consegue sustentar.
5) Rever. Medicina boa é iterativa: avaliamos, medimos, ajustamos.

Gosto de integrar ferramentas baseadas em evidência que estejam à disposição: hábitos, farmacologia clássica quando indicada, e — com critério — suplementos e fitoterápicos que façam sentido para aquele caso. Sem fetiche por modismos; sem preguiça de estudar.

Sobre vulnerabilidade (e por que começo por ela)

O gesto mais honesto é reconhecer quem fui — curioso, às vezes apressado, mas sempre bem-intencionado. E dizer quem eu sou agora: alguém que aprendeu a desacelerar para pensar melhor; que conhece de perto algumas peças que a mente prega na gente. Alguém que acredita em rotina, sono, comida simples, corrida, conversa sincera e, se necessário, intervenções farmacológicas coerentes. Isso funciona melhor que “soluções rápidas”, que são destrutivas e nocivas. A vida é mais do que simplesmente acelerar.

Escrever isso dá um frio na barriga. Mas prefiro inaugurar com verdade do que com “posicionamento de marca”.

Para quem escrevo (e atendo)

  • Pacientes que querem entender o próprio quadro e participar das decisões.

  • Pessoas curiosas sobre mente/cérebro que buscam informação que combine rigor científico e beleza na linguagem (aquilo de “que texto gostoso de ler!”).

  • Colegas que gostam de discussão franca, sem dogmas.

Atendo adultos. Consultas presenciais (RJ) e online (quando clinicamente adequado). Mais detalhes na página Consultas (agenda, honorários, critérios).

Meus compromissos

  • Clareza: explico o que sei, o que suspeito, o que não sei.

  • Segurança: o benefício precisa superar o risco (e o custo).

  • Respeito: a vida de cada um é o contexto do tratamento.

  • Evidência + experiência: literatura lida com lupa; realidade lida com cuidado.

  • Registro: anoto de forma que qualquer colega entenda o raciocínio.

O que desejo com o Psicotópico

Desejo construir um lugar onde a boa clínica e a boa linguagem se encontrem. Onde um paciente leia um texto e tenha um momento eureka: “agora eu entendi tudo”. Onde um leitor encontre um texto que fisgue sua mente. Onde um colega encontre material que lhe ajude a tomar uma decisão clínica. E onde eu possa continuar fazendo o que eu amo: escrever e aprender em público, com responsabilidade.

Se você chegou até aqui, bem-vindo. O site está nascendo, e isso me alegra — porque fazer nascer é melhor do que esperar o perfeito. Se algo te ajudou, compartilhe. Se quiser cuidar de algum tema junto, marque consulta. Comentários são bem-vindos.

Obrigado por ler.

Do meu cérebro para o seu cérebro,

Dr. Matheus Pereira
CRM 1321080-RJ

 
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